sábado, 8 de março de 2014

Folclore europeu medieval e posterior

Folclore europeu medieval e posterior

Muitos dos mitos que rodeiam os vampiros tiveram origem durante a Idade Média. No século XII os historiadores e cronistas ingleses Walter Map e William de Newburgh registaram episódios de mortos-vivos,29 71 embora sejam raros os registos de seres vampíricos nas lendas inglesas após esta data.72 O norueguês arcaico draugré outro exemplo de uma criatura morta-viva com semelhanças aos vampiros.73
Gravura alemã do século XV representando um vampiro ourevenant atacando um cristão.
Os vampiros propriamente ditos surgem com a grande divulgação do folclore da Europa Oriental no final do século XVII e início do século XVIII. Estas lendas formam a base da tradição vampírica que mais tarde penetrou na Alemanha e Inglaterra, onde foi posteriormente acrescentada e popularizada. Um dos primeiros registos de actividade vampírica ocorreu na região da Ístria, na actual Croácia, em 1672.74 Os registos locais referem o vampiro Giure Grando que habitava nessa região, na aldeia de Khring, perto de Tinjan, como causa de pânico entre os aldeões.75 Giure, que fora camponês, morreu em1656, mas os aldeões locais afirmavam que retornara dos mortos e começara a beber o sangue das pessoas, e a assediar sexualmente a sua viúva. O chefe da aldeia ordenou que uma estaca fosse enterrada no seu coração, mas quando este método não se revelou suficiente para mata-lo, usaram a decapitação com melhores resultados.76
Durante o século XVIII houve um frenesim de avistamentos de vampiros na Europa Oriental, sendo frequentes os estacamentos e escavações de sepulturas com o fim de identificar e matar mortos-vivos em potencial; até mesmo funcionários do governo envolveram-se na caça e estacamento de vampiros.77 Apesar de vulgarmente chamado de Iluminismo, durante o qual muitas lendas e mitos populares foram debelados, a crença em vampiros cresceu dramaticamente nesta época, resultando numa histeria colectiva que afectou a maioria da Europa.29 O pânico teve início num surto de alegados ataques de vampiros naPrússia Oriental em 1721 e na Monarquia de Habsburgo de 1725 a 1734, que se propagou a outras localidades. Dois casos famosos de vampirismo, os primeiros a serem oficialmente registados, envolveram os corpos de Pedro Plogojowitz e Arnold Paole, da Sérvia. Plogojowitz era tido como tendo morrido aos 62 anos, mas alegadamente voltou depois de morto para pedir comida ao filho. Quando o filho recusou, foi encontrado morto no dia seguinte. Plogojowitz supostamente voltou e atacou alguns vizinhos, os quais morreram por perda de sangue.77 No segundo caso, Paole, um antigo soldado tornado camponês, o qual alegadamente fora atacado por um vampiro alguns anos antes, morreu na ceifa do feno. Após a sua morte começaram a morrer pessoas das redondezas, e acreditava-se largamente que Paole tinha retornado dos mortos para depredar os antigos vizinhos.78 Outra lenda sérvia famosa que envolvia vampiros girava em torno de um certoSava Savanović que vivia numa azenha, matando os moleiros e bebendo o seu sangue. Este personagem foi mais tarde usado num conto escrito pelo escritor sérvio Milovan Glišić, e no filme de terror sérvio de 1973 Leptirica, inspirado por essa história.
Ambos os incidentes estão bem documentados: funcionários do governo examinaram os corpos, escreveram relatórios oficiais, e publicaram livros divulgados por toda a Europa.78 A histeria, comummente referida como a "Controvérsia Vampírica do Século XVIII", causou furor durante uma geração. A questão foi exacerbada por epidemias rurais de alegados ataques vampíricos, sem dúvida causados pelo alto grau de superstição presente nas comunidades aldeãs, com habitantes locais desenterrando corpos e, em alguns casos, penetrando-os com estacas. Embora muitos estudiosos afirmassem nesta época que os vampiros não existiam, e atribuíssem estes registos a enterros prematuros ou raiva, asuperstição recrudesceu. Dom Augustine Calmet, um respeitado teólogo e estudioso francês, coligiu um exaustivo tratado em 1746, o qual era ambíguo no que respeitava à existência de vampiros. Calmet juntou uma série de registos de incidentes vampíricos; numerosos leitores, incluindo tanto um crítico Voltaire como vários demonologistas, que o apoiavam, interpretaram o tratado como postulando a existência de vampiros.79 No seuDicionário Filosófico, Voltaire escreveu:80

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